quarta-feira, 21 de maio de 2014

Meu vestido azul .

 É perfeito, a grama ainda molhada da geada ainda está aqui. Sinto aquele cheiro perfeito de liberdade, as arvores pintadas a mão estão mais verdes do que nunca e  o orvalho congelado formou uma fina camada branca sobre as folhas e o solo. A unica coisa que consigo pensar é "UAL !", como tudo parece ser programado e editado, as flores coloridas de diferentes tipos e tamanhos da a ilusão de estar dançando mesmo paradas e aquele sorriso lindo estampado no rosto, mesmo sem ter um. 
 Cesso, começo caminhar o meu olhar para mim e me surpreendo com o vestido azul,ele é magnifico nunca me deparei com algo assim. Brinco com ele parecendo que ele fosse a minha vida, isso porque nem é um Alexander Mcqueen,- reconheceria um de longe. Giro centenas de vezes só para ver o arco que ele cria. Paro, e uma escuridão me assusta olho novamente ao meu redor e tudo se foi, a mata perfeita com seu orvalho desapareceu, o que restou foi folhas secas e o anoitecer acompanhado com seus ruídos tenebrosos.
- Onika !,- Ouço alguém sussurrar meu nome, mas ainda não o vejo. Escuto novamente e a energia do som me avisa que há algo atras de mim, viro rapidamente assustada. Pobreza, é ela. Me nego a aceitar o fato de estar me chamando, levanto com as duas mãos o meu vestido e me introduzo na floresta que até dois minutos antes era esplêndida, mas agora só visualizo tristeza e uma solidão mórbida.
 Não ouço mais nada agora, está tudo "calmo" pois a terra aqui morreu, mas continuo a correr olhando para trás me prevenindo do que pode me atacar. Fiquei tão na cautela de não me apunhalarem pelas costas que tropeço na raiz de uma grande arvore.Na queda fechei fortemente meus olhos imaginando a dor da miséria, mas uma voz doce canta meu nome, desgrudo meus olhos lentamente e tudo que eu vejo é uma linda mão estendida a me salvar, agarro com fé e alivio. Faço um caminho com o olhar entre as pontas do seu dedo até seu lindo rosto, no fogo da emoção de estar salva me jogo em seus braços para um abraço de "sou grata por você estar aqui", então quando volto olhar para seus lindos traços faciais me deparo com a pobreza de novo, ela me encara nos olhos e grita, o som me incomoda tanto  que fecho o meu rosto e olhos de agonia. O ruido parece não ter fim, mas de repente há uma pausa. Cansada de abrir e fechar os olhos decido abri-los e encarar a miséria.
 - Você não vai me fazer mendigar a vida, eu sou rica e tenho tudo que eu quero!,- quando me dou por si estou deitada no meu quarto e usando o meu pijama da Hello Kitty de cetim preferido.
 Tudo não passou de um sonho besta, eu sempre vou ser rica e nunca vou entender a pobreza. Só estou preocupada com uma coisa, aonde foi para aquele vestido lindo que usei? Ou onde eu consigo um igual ?

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